Em seu primeiro ato, Robertinho, prefeito de Mucuri, dá o tom de como será sua gestão

Em Mucuri – município baiano que fica há, aproximadamente, 900 quilômetros da capital Salvador -, Roberto Carlos Figueiredo Costa, o “Robertinho” (DEM), prefeito eleito para o exercício 2021/2024 nas eleições municipais de 2020, tomou posse na tarde da última sexta-feira, 01.

PRIMEIRO DECRETO

Já na segunda-feira, 04, Robertinho publicou seu primeiro Decreto (2540/2021) com medidas de contenção de despesas e controle de gastos com pessoal. O ato do prefeito reduz em 20% o número de cargos comissionados, bem como suspende todas as despesas públicas relativas a celebração de novos contratos de locação de bens móveis e imóveis com exceção dos aditamentos de prazos dos contratos em vigor, desde que vantajosos para a Administração.

O Executivo apresentará para provação da Câmara de Vereadores Projeto de Lei Complementar para Nova Estrutura do Município, que reduzirá a quantidade de secretarias em, no mínimo, 20%. (Leia Decreto na íntegra).

JUSTIFICATIVA

De acordo com o Decreto, as medidas tomadas consideraram o atual contexto de grave crise econômica nacional, os atrasos de repasses dos Governos Federal e Estadual para o co-financiamento de Programas e seus reflexos nas finanças do Município, bem como a necessidade urgente de adequação dos gastos afim de cumprir o que rege a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/00).

O Prefeito considerou ainda a garantia de regularidade da folha de pagamento dos Servidores Públicos e encargos, bem como a manutenção dos investimentos públicos indispensáveis ao desenvolvimento do Município.

CHOQUE DE GESTÃO

A forma como o prefeito Robertinho inicia seu Governo indica um “choque de gestão”. Choques de gestão desagradam a muita gente porque provocam a perda de privilégios e, quase sempre, exigem a saída de pessoas que representam o velho jeito de agir.

Qualquer organização à beira do precipício só muda seu rumo com medidas duras, cortando na própria carne. Há projetos nos quais ações paliativas até podem ser suficientes no início, mas se não forem adotadas por quem os lidera, o que resta a fazer é aplicar um remédio que se compara a uma Benzetacil – provoca dor, mas a ação é rápida e eficaz.

O EXEMPLO DE STEVE JOBS/APPLE

Quando Steve Jobs reassumiu o papel de CEO da Apple em 1997, ele tinha apenas 100 dias para mostrar ao mercado que a empresa estava mudando ou a incrível desvalorização das ações da empresa culminaria na falência dela. Para isso, tomou decisões bastante duras logo de cara, como a demissão de cinco mil funcionários e a diminuição de 75% do portfólio de computadores – apenas quatro produtos continuaram a ser comercializados.

Hoje, a empresa é uma das marcas mais valiosas do mundo, seus PC’s, notebooks, tablets e smartphones são desejados em todos os continentes e ela parece estar preparada para enfrentar os desafios futuros, apesar de Jobs não estar por perto há anos.

UMA MISSÃO POSSÍVEL

Como vimos na história de recuperação da Apple, é importante que o gestor tenha senso de urgência. Se medidas duras são implantadas, mas a situação continua igual depois de algum tempo, as insatisfações tomam corpo e a competência do executivo começa a ser colocada em xeque. É preciso obter resultados animadores no início do novo jogo.

Mucuri também clamava por um choque de gestão que pudesse nos levar a um novo patamar e ainda que a maior parte da população não tenha votado em Robertinho, mesmo assim, acredita que ele pode cumprir essa missão. Tomara que o novo prefeito consiga exercer esse papel.

Por Rubem Gama