Polícia

Mãe morreu dormindo: veja a cronologia do crime do adolescente que matou família a tiros

Um adolescente de 13 anos matou a própria mãe, de 47 anos e o irmão caçula, de 7, a tiros dentro de casa na tarde do último sábado, no bairro Jardim Guanabara, localizado no município de Patos, na Paraíba. O pai do garoto, de 56 anos, também foi baleado, mas sobreviveu. Veja o que se sabe sobre o caso que chocou os moradores da região. O GLOBO fez o passo a passo da cronologia do crime.

O crime
O pai do estudante tinha saído para comprar um remédio para a mãe, que estava com dor de dente e, naquele momento, dormia no quarto do casal. Antes de deixar a residência, ele teria retirado o celular do filho por causa do mau desempenho escolar. Foi quando o jovem então pegou a arma de fogo e foi até o quarto da mãe e efetuou um disparo.

O barulho do tiro assustou o irmão mais novo, que estava em seu próprio quarto. Segundo as investigações, a criança começou a brigar com o adolescente quando percebeu o que tinha acontecido. O pai chegou logo em seguida, tentou fazer com que o filho soltasse a arma, mas acabou sendo atingido no tórax e caindo na sala. Na ação, o irmão tenta socorrer o pai mas também é baleado nas costas.

Segundo a polícia, após cometer os crimes, ele guarda a arma e ainda aciona o Samu para fazer parecer que tinha sido um assalto, e que os “supostos ladrões” tinham entrado e praticado um assalto.

Arma usada
A arma usada pelo adolescente pertencia ao pai, que é policial militar reformado. Segundo as investigações, a arma estava “bem guardada” em um “armário de ferro fechado” no escritório do pai em casa.

A arma foi apreendida e encaminhada pra perícia. O adolescente disse que o pai já havia mostrado o objeto para ele, por curiosidade, mas negou que a tenha usado em outro momento.

Confissão
Inicialmente, o adolescente negou ser o autor dos crimes, mas na delegacia e com o avanço das investigações em que apontava como suspeito, ele acabou confessando.

Motivação
Segundo o delegado Renato Leite a ação foi motivada por uma discussão sobre notas baixas que o jovem estaria levando na escola. Além disso, ele também queria continuar a jogar online e, conforme disse em depoimento, se sentiu “pressionado” por cobranças tanto para estudar quanto para cumprir com suas tarefas domésticas.

— O adolescente de 13 anos alegou que a motivação pra ele ter cometido o que ele cometeu foi porque os pais estavam privando-o de jogar um jogo. O jogo que ele estava jogando era “Roblox”. A motivação, que ele alegou ter sido a gota d’água hoje, para que ele pegasse a arma do pai, que o pai era policial militar, e resolvesse atirar contra a mãe dele, atirar contra o pai e depois contra o irmão mais novo, foi justamente por isso. Ele alegou que era pressionado para tirar boas notas na escola — afirmou o delegado, com base no depoimento do autor dos disparos. — Eu percebi que ele, quando soube que o pai ainda estava vivo, se assustou. Acho que ele estava mais satisfeito se todos os três tivessem falecido.

Investigação
A investigação foi concluída e, para finalizar o caso, falta apenas anexar alguns laudos periciais. Segundo o delegado, o caso foi registrado como um procedimento especial envolvendo menor de idade num contexto de violência doméstica, considerando que as vítimas foram a mãe e o irmão, que morreram, e o pai do autor, gravemente ferido.

Ainda de acordo com o delegado, o garoto está sozinho numa sala reservada para menores de idade na carceragem da Polícia Civil da Paraíba, aguardando a audiência de apresentação e a decisão judicial.

— A gente representou pela internação provisória do menor. Após a audiência judicial, ele deve ser encaminhado ao Centro de Internação de Adolescentes da Paraíba, no município de Sousa, no sertão — acrescentou.

Sobrevivente
O PM aposentado, baleado no tórax, foi levado inicialmente ao Hospital Regional de Patos, mas a gravidade dos ferimentos provocou um pedido de transferência para o Hospital de Trauma de Campina Grande, onde permanece internado.

Nesta terça-feira, o médico intensivista Marcelo Henrique, do Hospital de Trauma de Campina Grande disse que o militar tem estado de saúde considerado regular. De acordo com o profissional, a preocupação da equipe médica, agora, é um sangramento no pulmão do paciente. O médico afirmou ainda que não há precisão de o policial reformado ter alta da área vermelha.

Rubem Gama

*Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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