Educação

Evento público define protocolos entre dirigentes escolares e forças de segurança no município de Mucuri

Por causa da onda de violência nas escolas de todo o país, autoridades têm anunciado ações preventivas e os municípios estabelecido uma cultura de paz nas escolas. Em Mucuri, a Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Educação, realizou na tarde desta quinta-feira (27/04), uma reunião com diretores de escolas, equipe técnica da secretaria, entidades públicas e forças de segurança para discutir formas de ação para manter a segurança e as relações saudáveis dentro das escolas. A reunião conduzida pelo secretário Municipal de Educação, Dalmo Costa de Souza, aconteceu no Auditório Rosalvo Francisco da Silva, do Centro de Convenções da Câmara Municipal de Mucuri com a participação do Ministério Público Estadual, Polícia Militar, CAEMA, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Assistência Social, Conselho Tutelar, SAMU, CRAS e CREAS.

Um dos principais tópicos abordados no encontro foi a manutenção de uma cultura de pacificação nas unidades escolares, e o alerta aos diretores para identificação de situações pontuais que possam culminar em alguma situação de crise. A Secretaria de Educação enviará uma carta aberta aos pais explicando as principais medidas de segurança que foram adotadas pelas escolas. A carta também pede o apoio das famílias na atenção ao comportamento dos filhos nas redes sociais e também ao apoio à cultura de paz nas escolas.

O tema do evento ganhou o título de “Proteção do ambiente escolar e promoção da cultura de paz nas escolas da rede municipal de ensino” buscando estabelecer os “Diálogos Intersetoriais” objetivando, sobretudo, a criação de um Comitê Intersetorial Municipal de proteção do ambiente escolar e promoção da cultura de paz nas escolas, definindo a composição e as atribuições. Durante o evento, o público ainda definiu o slogan da campanha, que ficou escolhido, como “Escola Segura: quem ama cuida, ensina e protege” que formalizou um conjunto de ações a serem postas em prática imediatamente nas 40 unidades municipais de ensino do município.

Conforme o secretário Municipal de Educação de Mucuri, professor Dalmo Costa, é com a campanha “Escola Segura: quem ama cuida, ensina e protege”, no âmbito do município de Mucuri, que vai se buscar construir um protocolo uniforme para servir de referência para as unidades escolares, com três destinatários principais: a família, os alunos e a escola. Segundo o secretário Dalmo Costa, já é determinação do prefeito Roberto Carlos Figueiredo Costa “Robertinho” (UB), se construir uma agenda positiva intersetorial com propostas de ações práticas nas escolas municipais, ampliando à participação das famílias em palestras, rodas de conversas e demonstrações, de modo a promover medidas de prevenção, intervenção e posvenção em situação de violência no espaço escolar, se criando além de tudo, em cada unidade escolar, grupo de trabalho formado por diversos atores do conselho de pais, amigos e voluntários da comunidade escolar.

“Embora, em nenhum momento foi identificada qualquer ameaça referente às escolas da rede municipal de Mucuri. Mas é importante neste momento que vivemos, que se entenda o que é cultura de paz nas escolas, termo que tem sido bastante falado por causa da onda de violência nos colégios de alguns municípios brasileiros. A cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes, modos de comportamento e de vida que rejeitam a violência, e que apostam no diálogo e na negociação para prevenir e solucionar conflitos, agindo sobre suas causas. Cultura de paz nas escolas significa, nesse contexto, uma opção política e pedagógica dos atores que compõem o sistema de ensino, equipes diretivas, professores, auxiliares, estudantes e suas famílias, no sentido da construção de ações coletivas de superação de todo o tipo de violência”, salientou o secretário de educação Dalmo Costa.

O promotor de justiça da comarca de Mucuri, Bernardo Barbosa Sarkis, enalteceu a iniciativa da campanha lançada e disse que ela não deverá ter o viés punitivo, mas sim educacional, objetivando trazer os pais e a sociedade para o debate dentro do ambiente escolar. “Queremos nos pautar em uma cultura de paz e devemos reforçar a importância da justiça restaurativa e da criação de uma comissão de operacionalização local”. O promotor Bernardo Sarkis ainda chamou atenção para o combate ao bullying e ressaltou a necessidade de se criar, através de ciclos de palestras, ambientes acolhedores para que os estudantes e professores possam relatar questões e problemas presentes no dia a dia. “Há uma necessidade de organização de um ciclo de palestras, trazendo aos jovens e aos professores o poder de fala”, ressaltou o promotor.

O tenente-coronel Anilton Almeida, comandante da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica, compartilhou as iniciativas já implementadas pelo governo municipal e fez um apelo aos educadores presentes. “Diante dos desafios apresentados nestes tempos, ampliar o diálogo e a Cultura de Paz são ainda mais necessários. Além do trabalho que já vem sendo desenvolvido, precisamos que a comunidade se convença da segurança nas escolas, desmistificando as ‘fakes news’ e colaborando no monitoramento dos ambientes físicos e virtuais ocupados pelos alunos. Nossas armas são o conhecimento e a sabedoria, e por isso fica aqui o nosso convite para que as famílias e as comunidades estejam conosco neste momento”, salientou o coronel Anilton.

Para o presidente da Câmara Municipal de Mucuri, o vereador Alexandre Deolinda Seixas, o “Xandão Seixas” (PSC), o desenvolvimento de uma cultura de paz nas escolas não é responsabilidade única e exclusiva das instituições de ensino. As escolas são territórios privilegiados para o desenvolvimento de programas, projetos, atividades e ações de sensibilização e formação de crianças, adolescentes e jovens para a construção de uma sociedade mais humana e menos violenta. A paz, assim como outros conhecimentos difundidos nas escolas, precisa ser aprendida e cultivada. Exige um processo contínuo de aprendizagem, construção e reconstrução permanente, dentro e fora da sala de aula e, é por isso, que estamos aqui, para iniciarmos uma nova construção”, disse o presidente.

A subtenente Nilda Santos Pereira, representando o comando da 89ª Companhia Independente da Polícia Militar em Mucuri, disse que garantir uma cultura de paz nas unidades de ensino com a mobilização da segurança com cidadania nas escolas é a finalidade da Polícia Militar, pois pretende com a ação movimentar professores, alunos, pais e funcionários para refletirem sobre violência dentro e fora da escola. “O papel da PM neste novo momento desse mundo moderno é ajudar na reflexão de educadores e famílias sobre as formas incentivadoras de consumismo para crianças e jovens que se tem assistido sobre as mudanças nos valores das famílias e tantos outros problemas, que tem causado maiores índices de violência, chegando estes a atingir o âmbito das instituições de ensino”, destacou a policial.

A presidente da ACE – Associação Comercial e Empresarial de Mucuri, Ruth Ardasse da Costa Souza enalteceu a iniciativa da Secretaria de Educação e disse que as propostas são experiências exitosas de cultura de paz na escola, que prevê a capacitação de estudantes para que possam atuar como protagonistas na mediação de conflitos entre seus pares; Implantação de uma sala de mediação de conflitos nas escolas para que os estudantes possam atuar como mediadores no atendimento dos colegas; Realização de assembleias escolares em sala de aula na qual os conflitos são apresentados e a turma pode contribuir com a busca de soluções; Formação de professores, auxiliares, estudantes e famílias sobre cultura de paz, comunicação não violenta e mediação de conflitos, criando assim um ecossistema de cultura de paz na comunidade e, se colocou à disposição por meio da ACE dos projetos vindouros.

Para a coordenadora do CEAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social no município de Mucuri, Madalena Speriadion, o evento também teve como objetivo debater propostas de prevenção à violência, discutir os resultados apurados e propor projetos sociais para estudantes em vulnerabilidade social. “É muito importante essa análise trazida pela equipe de educação e pela de segurança porque é a partir desse monitoramento que poderemos estudar as ações que serão efetivadas dentro do nosso ambiente escolar. Nós do CREAS temos o objetivo de nos aproximarmos ainda mais da população, criando referências positivas. Além dessa ação, pretendemos realizar um ciclo de palestras e implantar o programa de resistências às drogas e à violência nas unidades de ensino. Vamos trabalhar todos juntos, famílias, funcionários das escolas, professores e policiamento, sempre pensando no coletivo e na propagação da paz”, reforçou Madalena.

De acordo com a diretora da Escola Municipal Aristides Rocha de Taquarinha, unidade campeã no IDEB no município e 3ª colocada na Bahia, a pedagoga Rogéria Santos de Novaes, o encontro intersetorial teve como objetivo compartilhar as iniciativas já em execução e o alinhamento de fluxos e estratégias de comunicação para prevenção e realização de denúncias, com foco na proteção das crianças, adolescentes e educadores. Para a professora Mariana Lima, diretora da maior unidade de ensino do município, a Escola Municipal Frei Ronaldo, no distrito de Itabatã, o trabalho intersetorial, que já é uma realidade no município de Mucuri, teve de ser ampliado, por conta desses eventos recentes, mas desde o início a Educação tem dialogado com a Unidade de Segurança Municipal. “A escola não é só o lugar de transformação social que queremos, como também o lugar de segurança e proteção aos nossos meninos e meninas”, enfatizou a diretora Mariana Lima.

Rubem Gama

*Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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