Mucuri: Vereador Dema questiona serviços da Coelba em moção de repúdio pelo péssimo serviço prestado no fornecimento de energia
Na 10ª Sessão Ordinária de 2025 da Câmara Municipal de Mucuri, realizada nesta terça-feira (20), o vereador Ademilson Ferreira Neves, o Dema (PP), protocolou uma moção de repúdio contra a Neoenergia Coelba. O documento, registrado sob o número 001/2025, critica a qualidade do serviço de energia elétrica no município, especialmente no distrito de Itabatã, e cobra respostas da empresa sobre falhas estruturais recorrentes.
Problemas crônicos: Três décadas de reclamações
A moção apresentada por Dema lista interrupções diárias no fornecimento, oscilações de tensão e falta de manutenção na rede elétrica e na iluminação pública. Segundo o parlamentar, esses problemas persistem desde a década de 1990, mesmo após a Coelba adotar, em 1990, um modelo de gestão focado em “qualidade total” e modernização.
Um dos casos citados ocorreu em março de 2025, quando o bairro Cidade Nova, em Itabatã, ficou três dias sem energia, afetando residências e comércios. Dema, que reside no local, relatou: “A Coelba atende 415 dos 417 municípios baianos, mas aqui, os avanços não chegam. Somos tratados como prioridade zero”.
Impacto na Saúde: Consultório odontológico paralisado
A moção destaca que as falhas técnicas da Coelba impactam serviços essenciais. Desde fevereiro de 2024, o consultório odontológico do PSF 04, em Itabatã, está inoperante devido à falta de adequação da rede elétrica pela empresa. A unidade, que atende centenas de famílias, não pode funcionar sem uma tensão estável, conforme exigido pelos equipamentos odontológicos.
“A Secretaria de Saúde já protocolou ofícios, mas a Coelba ignora o problema. Enquanto isso, a população fica sem acesso a tratamentos básicos”, afirmou Dema, exibindo documentos que comprovam a demanda não atendida.
Crescimento econômico em risco
Mucuri é apontado como um polo econômico emergente no sul da Bahia, com investimentos em logística e comércio. No entanto, a instabilidade energética preocupa empresários. Oscilações de tensão danificam equipamentos, e apagões frequentes geram prejuízos, especialmente no distrito de Itabatã, onde concentram-se pequenas indústrias.
“Não é pedir demais: queremos energia de qualidade, como previsto no contrato de concessão”, reforçou o vereador, lembrando que a população local paga tarifas reguladas pela ANEEL, mas não recebe o serviço adequado.
A resposta da Câmara: Moção será encaminhada à Coelba
Aprovada pela maioria dos vereadores (oito votos a favor e 3 abstenções – preferiram não votar), a moção de repúdio será registrada em ata e enviada formalmente à presidência da Coelba, em Salvador, à gerência regional em Teixeira de Freitas e ao escritório municipal da empresa. O texto também cobra posicionamento do presidente da companhia, Eduardo Capelastegui Saiz, sobre medidas para resolver os problemas.
Dema ainda convocou colegas a apoiarem a causa: “Se há quem defenda a Coelba, que apresente dados. Mas os fatos mostram que a empresa falha há décadas”.
Desafios geográficos e prioridades
Com 563 mil km² de área de concessão, a Coelba enfrenta desafios logísticos na Bahia, mas Dema argumenta que a distância de Mucuri em relação à capital (900 km) não justifica o descaso. “Somos um município estratégico, com vocação industrial. Merecemos atenção proporcional ao nosso potencial”, declarou.
Próximos Passos
A Neoenergia Coelba não se pronunciou sobre a moção até o fechamento desta edição. Especialistas sugerem que a empresa pode ser notificada pela ANEEL caso as reclamações se confirmem. Enquanto isso, a Câmara de Mucuri estuda audiências públicas para debater o tema com a população e órgãos reguladores.
Contexto:
- A Neoenergia Coelba atende 14 milhões de baianos e opera em 99,5% dos municípios do estado.
- Mucuri tem cerca de 40 mil habitantes e é cortado pela BR-101, sendo um eixo logístico para o Porto de Mucuri.
- Moções de repúdio são instrumentos políticos para pressionar entidades e ampliar debates institucionais.
