Paulinho de Tixa desapropriou terrenos alagadiços de “escola modelo” pelo dobro do preço de Dr. Carlos, mais de R$ 4 milhões; Justiça bloqueou o dinheiro
Na última semana de abril de 2018, quando o prefeito era o doutor Carlos Simões, o município viveu uma polêmica envolvendo a compra – através de desapropriação – de 100 lotes de terrenos do loteamento Cidade Nova, em Itabatã, especificamente no setor C, por parte da prefeitura municipal. Na ocasião, a prefeitura de Mucuri desapropriou junto a empresa NH Empreendimentos e Incorporação, 100 lotes de terrenos, ao custo total de R$ 2.305.635,10.
A polêmica tomou conta dos bastidores da política mucuriense, quando o Ministério Público questionou a aquisição.
Daí em diante, o então vereador Saullo Souza se utilizou do espaço no seu programa Café com Saullo para se autopromover diante da polêmica e questionar sobre a aquisição do referido terreno.
O que a sociedade mucuriense não tem conhecimento, é que, no finalzinho de dezembro de 2016, a prefeitura de Mucurí estava comprando o mesmo terreno pelo valor orçado, que era mais do que o dobro do que foi pago por Carlos Simões, com apenas um detalhe: o prefeito da ocasião era Paulinho de Tixa. Era 29 de dezembro de 2016, no apagar das luzes, que a transação foi feita.
Acontece que o vereador Saullo nunca fez nenhum questionamento, mesmo sabendo que o prefeito Paulinho de Tixa iria “pagar” a bagatela de R$ 4.738.000,80 por um lote que fica, inclusive, bem atrás do que foi “comprado”, por doutor Carlos. E o tal negócio só não foi concretizado, porque a Justiça bloqueou o dinheiro nas contas da prefeitura de Mucuri. Já estava publicado no Diário oficial e tudo.
Na sequência, no apagar das luzes, antes de passar o mandato ao novo prefeito Carlos Simões, o então prefeito Paulinho de Tixa, em 29 de dezembro de 2016, publicou o decreto de desapropriação da dita área no diário oficial do munícipio, dando assim, amparo legal a aquisição milionária dos terrenos, que somente não foi concretizada, em razão do bloqueio judicial dos recursos da prefeitura de Mucuri por parte da Justiça.
Em momento algum, o então vereador Saulo, fez algum questionamento da aquisição milionária dos lotes por parte do prefeito Paulinho de Tixa, diga-se, muito suspeita, primeiro pelo valor empregado, segundo por ser no final do mandato do prefeito, que repita-se, só não foi concluída, graças à intervenção judicial.
É fundamental que os cidadãos, especialmente os jovens que estão votando pela primeira vez, compreendam que na política nem tudo é o que parece. A expressão ‘dois pesos e duas medidas’ é frequentemente aplicada, variando conforme os atores envolvidos. Essa inconsistência é, sem dúvida, uma forma de hipocrisia. Um exemplo disso é o vereador Saulo, conhecido por sua postura seletiva ao investigar questões, priorizando seus interesses eleitorais.
Em um país onde membros do Legislativo agem de maneira tendenciosa, favorecendo seus próprios interesses, podemos realmente afirmar que vivemos em uma democracia plena? Refletir sobre a verdade por trás dos fatos e lutar por mudanças são passos essenciais em um caminho que ainda é longo.
A definição mais contundente de hipocrisia política talvez tenha sido deixada por Renato Russo, líder da banda Legião Urbana. Ele cantava (e ainda repetimos como um mantra sagrado): ‘Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação.’ E, então, a pergunta inevitável surge: ‘Que país é esse?’
Bem, o final dessa história todos já conhecem. A Câmara criou uma CPI para cassar Carlos Simões. O Relator da CPI foi o então vereador Saulo, crítico ferrenho do Dr Carlos. No parecer, depois de muita conversa com o prefeito, Saulo alega que não há irregularidades na compra dos terrenos. Ato contínuo, Saulo vira vice na chapa de Dr Carlos para reeleição.
Por Rubem Gama, com informações de zerohoranews.com.br
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