Banco do Brics tem nova líder: Dilma Rousseff foca em proteção ambiental e inclusão social
Lula critica FMI e apoia novo rumo do NDB sob liderança de Dilma Rousseff
Por Rubem Gama* – Imagem: Ricardo Stuckert
Dilma Rousseff assumiu a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco do Brics, em cerimônia realizada em Xangai, China. Durante o evento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao modelo tradicional de financiamento das instituições financeiras internacionais e destacou a importância do NDB, que não conta com a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou de instituições financeiras de países não pertencentes ao grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Lula enfatizou a liberdade do NDB em relação às condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais e destacou a possibilidade de financiar projetos em moeda local. Além disso, ressaltou o papel do banco no combate às desigualdades, atendendo às populações mais afetadas por questões climáticas, econômicas e conflitos armados.
O ex-presidente brasileiro criticou o FMI, acusando-o de “asfixiar” a Argentina, e defendeu a necessidade de paciência e tolerância por parte dos bancos ao renegociar acordos de financiamento. Lula também fez um apelo à comunidade internacional para promover mais generosidade e solidariedade entre as pessoas.
Em seu discurso de posse, Dilma Rousseff enfatizou o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital, e expressou seu apoio às comunidades mais pobres. A nova presidente do NDB pediu “prosperidade comum” a todos os países.
Especialistas consultados pela Agência Brasil apontam que a futura líder do Banco do Brics terá a oportunidade de expandir a presença internacional da instituição, mas enfrentará desafios relacionados ao impulsionamento de projetos ambientais e à mitigação do impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos fundadores do banco.
Fundado em dezembro de 2014, o NDB tem como objetivo ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias emergentes. Atualmente, a instituição conta com cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados, dos quais aproximadamente US$ 4 bilhões estão investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos. Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai aderiram ao Banco do Brics em 2021.