Menina de 12 anos sequestrada no Rio e encontrada no Maranhão recebe apoio psicológico: ‘ela ainda está vulnerável’
Irmã da adolescente relata que a jovem está bem, mas ainda precisa entender o que aconteceu; suspeito de 25 anos está solto com uso de tornozeleira eletrônica no Maranhão
Uma parceria entre a Polícia Civil e a Cruz Vermelha dará apoio psicológico a menina de 12 anos, sequestrada no Rio de Janeiro e levada para o Maranhão por um homem de 25 anos que ela conheceu na internet. A adolescente retornou para a família na última quinta-feira ao desembarcar no aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, após ser mantida em cárcere privado pelo suspeito, por 8 dias, em um quitinete, em São Luís. Desde então, tem sido acompanhada por parentes e agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).
— Ela está se alimentando bem, conseguiu dormir, está conversando com a família e reagindo bem ao que aconteceu. Ela é uma menina muito tímida, por isso está mais reclusa e falando pouco. Estamos evitando dar detalhes das investigações para poupá-la do sofrimento. Ela é muito inocente. Apesar de ter 12 anos, tem uma mentalidade de criança. Ela não tem noção da gravidade do que aconteceu. Ela está vulnerável — afirmou uma das irmãs mais velha.
A família, também irá receber atendimento na Clínica de Psicologia da Cruz Vermelha, no Centro, diz que, por enquanto, a menina não está indo para escola. Eles estão analisando a possibilidade de trocá-la de colégio após o ocorrido.
— Estamos pensando no bem-estar dela. Por isso, estamos vendo a possibilidade de trocá-la de escola por conta da exposição. Para ela vai ser bom um recomeço em outro lugar. Mas isso é uma possibilidade que ainda estamos avaliando — explicou a irmã.
Menina de 12 anos foi mantida em cárcere por homem ao ser levada do Rio para o Maranhão
Vítima estava desaparecida há oito dias. Parentes e amigos organizaram buscas no Rio para tentar localizá-la. Ela foi encontrada presa em um quitinete
A jovem, que mantinha um relacionamento de dois anos com o açougueiro Eduardo da Silva Noronha pelo TikTok, não poderia ter conta na rede social. De acordo com as diretrizes da plataforma, é preciso ter no mínimo 13 anos para poder ter um perfil na rede social. Como abrir uma conta dessas depende da autodeclaração de idade, é preciso que os pais saibam quais as redes que os filhos têm.
— A gente sempre monitorou o WhatsApp e o Facebook dela. Mas não sabíamos que ela conversava pelo TikTok. Para mim, essa rede social sempre foi para postar vídeo. Uma rede social de dancinha. Sabemos que ela quis fugir, mas ainda precisamos entende porque ela quis fazer isso. Por enquanto, minha irmã não comenta muito. É como se ela evitasse falar sobre o que aconteceu. Estamos felizes com a volta dela e vamos cuidar para que ela fique bem — desabafou.
Assim que voltou ao Rio, a menina passou por um exame de corpo e delito pelo Instinto Médico-Legal (IML), na quinta-feira, que deu negativo para violência sexual. No entanto, segundo a delegada Pollyanne Souza da Costa, da Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente de São Luiz (DPCA), que conduz o inquérito no Maranhão diz que reúne provas para que Eduardo responda na justiça por estupro de vulnerável e Carcere privado, já que o suspeito chegou a confessar em depoimento à polícia ter beijado e tocado na menina enquanto esteve com ela no quitinete.
— Eu fiquei revoltada com a soltura dele. Ele claramente cometeu crimes e deve responder por isso. Eu acredito que a justiça vai ser feita. O importante é que minha irmã está viva, bem e com a família. Vamos cuidar dela e espero que isso não aconteça com mais ninguém. Que ele não fique impune e faça isso com outras meninas inocentes. O tratamento psicológico vai ser fundamental para a recuperação dela— pontuou a irmã.
Por Jéssica Marques – O Globo