Internacional

Ucrânia afirma ter dizimado tropas russas em Soledar com um ataque de artilharia

Estado-Maior do Exército ucraniano diz que matou mais de cem soldados no vilarejo a leste, cujo controle é disputado pelos mercenários do Grupo Wagner e os ucranianos

O Estado-Maior do Exército da Ucrânia afirmou nesta quinta-feira que “eliminou” mais de uma centena de soldados russos num ataque de artilharia à localidade de Soledar, na província de Donetsk, palco atual dos combates mais sangrentos da guerra e cujo controle é disputado entre as forças russas, apoiadas pelos mercenários do Grupo Wagner, e os ucranianos.

De acordo com uma mensagem no Twitter e no Facebook, “graças ao trabalho coordenado de soldados das forças de operações especiais, artilheiros e lançadores de foguetes”, foi possível localizar um local onde os soldados russos se concentravam.

Em um vídeo que acompanha a mensagem, várias explosões podem ser vistas em um local não identificado. O comando militar afirmou que essas explosões são alguns dos ataques de artilharia realizados.

O relato mais extenso no Facebook afirma que as forças especiais localizaram as concentrações de soldados, que foram atacados com artilharia e mísseis táticos Point-U. “Como resultado, foi confirmada a destruição de mais de 100 ocupantes, duas metralhadoras e dois lançadores de morteiros”, diz o texto.

Soledar é uma pequena cidade de 10 mil habitantes perto de Bakhmut, no Leste da Ucrânia. Imagens de satélite recém-divulgadas mostram que a localidade, assim como a vila vizinha de Bakhmutske, foram dizimadas por intensas batalhas de artilharia nas últimas semanas.

Na terça-feira, o grupo de mercenários russo Wagner, por meio de seu líder, o empresário Yevgeni Prigozhin, afirmou que tomou Soledar.

Embora Prigozhin tenha reiterado a declaração na quarta-feira, o Kremlin atenuou a afirmação, e o presidente Volodymyr Zelensky disse que os combates continuavam na cidade, ridicularizando a declaração do chefe do Grupo Wagner como uma tentativa de aumentar o apoio à mobilização na Rússia. Após semanas de estagnação, Moscou precisa urgentemente de uma vitória militar para o moral da tropa e o apoio à guerra.

Nesta quinta-feira, Prioghzin confirmou ter encontrado o corpo de Christopher Parry, um dos dois cidadãos britânicos desaparecidos desde 6 de janeiro em Soledar.

O Ministério das Relações Exteriores britânico não conseguiu confirmar a veracidade do que Wagner publicou, mas disse à BBC que está em contato com as autoridades ucranianas.

De acordo com o relato de Progozhin, o falecido estava com seu passaporte e o da outra pessoa desaparecida, Andrew Bagshaw, 48, com ele. O empresário publicou as fotografias dos alegados passaportes e um “certificado de voluntariado” de Parry.

O canal pró-Rússia Grey Zone, próximo ao Grupo Wagner, afirmou, sem indicar suas fontes, que o corpo é o de Parry, que teria o nome da luta do Titanic.

No entanto, de acordo com o Reino Unido, Parry e Bagshaw são trabalhadores humanitários. A BBC explicou que ambos estavam na província de Donetsk como voluntários ajudando na retirada de civis das cidades próximas ao front.

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A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, disse na quinta-feira que a Rússia está reforçando suas tropas no país, mas que as forças ucranianas ainda mantêm a defesa de Soledar. Segundo Malyar, o número de unidades militares ucranianas aumentou de 250 para 280 nos últimos dias.

Em referência ao alto número de baixas russo, Malyar disse que os russos “estão se movendo sobre seus próprios cadáveres”:

— A Rússia está levando seu próprio povo ao massacre, mas mantemos nossas posições no front — disse.

Rubem Gama

*Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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