Internacional

Congresso do Peru destitui socialista Castillo após tentativa de golpe de Estado; presidente é preso

Legislativo peruano aprovou vacância presidencial após Pedro Castillo anunciar dissolução do Congresso e instauração de governo de emergência
Legislativo peruano aprovou vacância presidencial após Pedro Castillo anunciar dissolução do Congresso e instauração de governo de emergência| Foto: EFE/Stringer

Minutos depois de o então presidente Pedro Castillo tentar um golpe de Estado, ao anunciar a dissolução do Congresso e instauração de um “governo de emergência”, o Legislativo do Peru realizou uma sessão de emergência e declarou vacância presidencial (o equivalente na legislação peruana ao impeachment) por incapacidade moral permanente nesta quarta-feira (7). Em seguida, o agora presidente destituído foi preso.

Dessa forma, a presidência será assumida pela vice Dina Boluarte, que pouco antes havia rechaçado a tentativa de golpe de Castillo. “Rejeito a decisão de Pedro Castillo de perpetrar a quebra da ordem constitucional com o fechamento do Congresso. É um golpe que agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”, escreveu no Twitter.

Ministros de Estado haviam anunciado renúncia após o pronunciamento de Castillo. Boluarte deve prestar juramento para assumir a presidência ainda nesta quarta-feira, segundo o jornal El Comercio.

Castillo havia dissolvido o Congresso horas antes da votação do pedido de vacância presidencial, proposta pela terceira vez desde o início do seu mandato (tomou posse em julho de 2021). A gestão do presidente destituído foi marcada por denúncias de corrupção e em outubro o Ministério Público peruano o denunciou por fraudes em licitações.

“Qualquer ato contrário à ordem constitucional estabelecida constitui violação da Constituição e gera descumprimento por parte das Forças Armadas e da Polícia Nacional”, alegaram as Forças Armadas e a Polícia Nacional.:

Pouco antes do Congresso aprovar a vacância de Castillo, as Forças Armadas e a Polícia Nacional do Peru haviam apontado em comunicado que “respeitam a ordem constitucional estabelecida”, e que esta “estabelece que o Presidente da República tem poderes para dissolver o Congresso, se este tiver censurado ou negado a sua confiança em dois Conselhos de Ministros”, o que não aconteceu – no final de novembro, Castillo nomeou a quinta primeira-ministra do seu governo, Betssy Chávez, mas ela ainda precisaria passar por uma votação de confiança.

Ao dissolver o Congresso, Castillo anunciou que seriam convocadas eleições para um novo Legislativo, com poderes constituintes, que deveria aprovar uma nova Carta Magna dentro de no máximo nove meses.

Rubem Gama

*Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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