Braço político de Edir Macedo acena para Lula
Os pendores oposicionistas dos partidos que deram sustentação congressual a Bolsonaro diminuem na proporção direta da aproximação do dia da posse de Lula. Em decisão unânime, a bancada do Republicanos no Congresso Nacional decidiu que não fará oposição ao novo governo. O braço partidário da Igreja Universal, do bispo Edir Macedo, declarou-se “independente”. Mas “sem se negar ao diálogo e à colaboração” com Lula, agora um ex-satanista.
Bolsonaro pressionava a legenda para fazer oposição a Lula. Ironicamente, o Republicanos acena para o novo governo mesmo servindo de abrigo para alguns dos mais expressivos representantes do bolsonarismo. Elegeram-se pela legenda, por exemplo, o governador paulista Tarcísio de Freitas e os senadores Hamilton Mourão e Damares Alves.
No mesmo dia em que o partido do bispo deu o seu cavalo de pau, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin anunciou que mais 99 parlamentares foram admitidos na equipe da transição, que agora soma 134 congressistas de 13 partidos. No total, o bonde da transição já carrega 417 pessoas, subdivididas em 31 grupos de trabalho. O número converte a transição num teatro com excesso de figurantes e pouco espetáculo. Por ora, o que há em cena é uma PEC que pede licença para gastar quase R$ 200 bilhões, que o centrão utiliza como álibi para suas chantagens.
Nesse contexto, o contorcionismo verbal que a turma de Edir Macedo utiliza para apelidar sua adesão a Lula de independência colaborativa adiciona comédia ao drama. O bispo já posou ao lado de Sarney, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Achega-se novamente a Lula para continuar encostado no cofre. Ao contrário de Bolsonaro, o Republicanos não fica com raiva. Sempre que permitem, fica com tudo. (Por Josias de Souza – Colunista do UOL)