Associação de caminhoneiros diz que bloqueios são ‘antidemocráticos’; empresários do setor repudiam atos
Confederação diz que a pauta da maioria dos caminhoneiros não é política, mas sim econômica
Associações que representam caminhoneiros e empresas transportadoras de cargas afirmaram que são contra às paralisações promovidas por caminhoneiros em rodovias ao redor do país desde na noite do último domingo (30).
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na manhã desta terça-feira (1°) ainda havia 271 pontos de bloqueios, totais ou parciais, em diversas rodovias federais. A corporação afirmou que 192 bloqueios já foram desfeitos, sem detalhar a localização.
As paralisações são realizadas por caminhoneiros bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições, que terminaram com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) classificou os movimentos como antidemocráticos e destacou que é falsa a alegação de que essa manifestação representa a toda a categoria. “Importante deixar claro que esse movimento não é organizado pelos trabalhadores”, pontua nota emitida pela entidade.
“A pauta dos caminhoneiros não é política, mas econômica. Os 800 mil caminhoneiros autônomos e celetistas da base da CNTTL continuarão a luta pela volta da aposentadoria ao 25 anos de trabalho, pela consolidação do Piso Mínimo de Frete, pela criação de pontos de parada e descanso, pela redução do preço do combustível e pela defesa da Petrobras”, afirma a Confederação.
Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) disse que é “veemente contra movimento grevista, de natureza política, que fere o direito de ir e vir de todos os cidadãos”.
Wallace Landim, popularmente conhecido como Chorão e presidente da Abrava (associação de caminhoneiros) disse, em vídeo publicado em sua conta no Instagram, que a categoria precisa reconhecer a vitória do presidente eleito.
Segundo Landim, a luta dos caminhoneiros deve continuar por melhorias para os trabalhadores do setor, mas ele ressalta que para isso é necessário respeitar a democracia. “A categoria precisa ter um alinhamento com o próximo governo”, pontua o presidente da Abrava.
Outros setores da economia começam a se manifestar
Associações de outros segmentos também começaram a se manifestar. João Galasi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), enviou nota pedindo apoio ao presidente Jair Bolsonaro, “a respeito das dificuldades de abastecimento que já começam a enfrentar os supermercadistas em função da paralisação dos caminhoneiros nas estradas do país”.
Já a Associação Paulista de Supermercados (APAS) informou que tem monitorada a cadeia de abastecimento e, até o momento, não detectou “qualquer anormalidade” ou a escassez de produtos em função dos bloqueios. “Como medida de contingência, a APAS tem orientado os supermercados associados, quando possível, que antecipem a logística de suas lojas e centros de distribuição”, afirma.
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) também segue monitorando a situação, a fim de antecipar os impactos sobre o abastecimento de alimentos para a população. Em nota, a Associação ressalta que as operações de produção, distribuição, comercialização e entrega de alimentos e bebidas são consideradas atividades essenciais pelo governo desde 2020.
“É fundamental, portanto, que haja a livre circulação de caminhões e veículos privados ou coletivos que transportem colaboradores da indústria de alimentos e bebidas, bem como insumos e produtos acabados para abastecer os varejos e os estabelecimentos de alimentação, assegurando, desta forma, o bem-estar da sociedade”, diz a ABIA.