Pesquisa dá um duro choque de realidade em Bolsonaro
Ou… revela que o presidente não fala nem mais para sua ‘bolha’
Os movimentos da sociedade civil em favor da democracia furaram a bolha de Jair Bolsonaro, presidente da República que pode não estar convencendo nem seus próprios seguidores das teses mentirosas sobre a História do Brasil, que já lhe serviram de ativo político.
Isso se chama rejeição.
Amante da ditadura militar brasileira e defensor de torturadores, o mandatário vê agora que 8 em cada 10 bolsonaristas acreditam que a democracia é a melhor forma de governo, segundo o Datafolha.
Bolsonaro faz um jogo duplo quando o assunto é o tema, dizendo-se sempre defensor da “liberdade”, mas criando um estresse atrás do outro para esgarçar as quatro linhas da Constituição, gerando ódio contra os outros poderes da República através de discursos golpistas.
O presidente já tomou um susto no último domingo ao descobrir que apenas 7% defendem a ditadura – vendo derreter o grupo em dois pontos percentuais do ano passado para este. É o menor número de brasileiros em três décadas que apoiam o maior atentado contra a República brasileira.
É preciso lembrar que, na versão mentirosa do mandatário, foram os militares que preservaram o Estado de Direito entre 1964 e 1985, quando o regime fardado fechou o Congresso, trocou ministros do Supremo, torturou e matou opositores em prédios públicos e extinguiu o habeas corpus, entre outras barbaridades.
Nessa versão mentirosa de Bolsonaro, os 21 anos de ditadura preservaram o país da “ameaça comunista”, o que se sabe, pelos livros de História, ser totalmente inverossímil.
Mas, para além do extremismo ideológico, há um político no poder – com máquina pública na mão – que tem criado programas sociais, aumentado benefícios às vésperas das eleições (o que era proibido) e conseguido diminuir o preço dos combustíveis após sucessivas trocas na presidência da Petrobras.
A mesma pesquisa Datafolha mostrou, contudo, nesta quarta, 24, que Lula cresceu de 54% para 56%, enquanto o atual mandatário caiu de 24% para 23% entre o eleitorado mais pobre.
Mesmo que a última rodada tenha trazido um certo alívio no âmbito geral dos eleitores para o presidente, como analisou a coluna, cientistas políticos explicam que o crescimento se deu entre os ricos, evangélicos, e em parte da classe média que já havia votado nele em 2018.
Ocorre que a recuperação é ainda tímida, mostrando que uma outra parte desses mesmos eleitores hoje apoiam o PT e Lula – daí, a vantagem esmagadora que o ex-presidente mantém, até agora, nos levantamentos.
Bolsonaro também não conseguiu furar sua própria bolha na entrevista do Jornal Nacional, o que acendeu o alerta em sua campanha de que as grandes oportunidades do candidato à reeleição estão sendo perdidas. Agora, é esperar para ver, ao menos nesta semana, como Lula se sai na bancada em que o atual presidente perdeu até o seu “status de mito”.
Por Matheus Leitão/Veja