Opinião: Indústria do denuncismo; o reflexo negativo contra o povo, e o enfraquecimento das relações institucionais
Por Rubem Gama
Devemos refletir sobre a indústria do denuncismo e o reflexo negativo contra o povo, e o enfraquecimento das relações institucionais. Quem ganha e quem perde
Há tempos passamos por um período – que já dura décadas – tão farto de denúncias, verdadeira escalada denuncista, como o que estamos vivendo. Também não me lembro de outro período com tanta corrupção apontada. A denúncia fundamentada é sempre desejável na democracia, pois os veículos de comunicação e o próprio povo devem ser os permanentes fiscais da administração. Mas o que se vê agora, talvez seja uma exacerbação do pretenso direito de crítica, que envolve essa danosa atividade, não raro, denegrindo injustamente a reputação alheia, salvo prova em contrário.
O denuncismo diabólico há de ser objeto de repúdio. Não a denúncia em si – absolutamente necessária – mas a inconsequente aleivosia, que só prejudica a boa trajetória da administração ou a dignidade das pessoas. Dizia-se antigamente que escândalo político é como “mal de umbigo”: dura três dias e, no quarto, ninguém mais se lembra dele. Contudo, não é bem isso: o denuncismo provoca distúrbio na administração e externamente tem conseqüências profundas. Daí porque se atribuiu ao general De Gaulle a célebre frase: “O Brasil não é um país sério”.
Denúncias são benvindas, quando há fundamento, mesmo porque, ao denuncismo infundado, corresponde o repúdio do povo, manifestado, como represália, inclusive na melhoria dos índices de aprovação do governo. Apresentada a denúncia, urge, também, que os acusados arrolem provas incontestes da improcedência para que não restem dúvidas sobre a indispensável lisura de comportamento.
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