A repercussão negativa da frase de Bolsonaro sobre o líder da Ucrânia
Brasileiro fez referência ao passado de comediante de Volodymyr Zelenski

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, neste domingo (27), a eleição do mandatário ucraniano Volodymyr Zelensky, que enfrenta desde a semana passada uma invasão russa em seu território. “O povo [ucraniano] confiou num comediante o destino de uma nação. Ele [Zelensky] tem que ter equilíbrio para tratar dessa situação aí”, disse Bolsonaro enquanto passa o feriado de Carnaval em Guarujá, no litoral de São Paulo.
Zelensky de fato era comediante antes de assumir a presidência da Ucrânia, mas a frase não caiu bem para Bolsonaro. A declaração foi amplamente interpretada, tanto no Brasil quanto no exterior, como uma manifestação a favor de Putin.
A RIA Novosti, uma das principais agências de notícias da Rússia, por exemplo, estampou a frase no título de uma reportagem. A matéria intitulada “Bolsonaro disse que os ucranianos ‘confiaram ao humorista determinar o destino da nação’” também ressalta a posição de neutralidade escolhida pelo presidente brasileiro em relação ao confronto entre Rússia e Ucrânia. “Segundo o político, o país latino-americano não votará uma resolução da ONU condenando o presidente russo, Vladimir Putin, ou propondo sanções”, diz o texto em russo.
A percepção da agência de notícias russas foi parecida com a de algumas personalidades influentes na política brasileira. Entre os presidenciáveis, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) publicou um texto em inglês no seu perfil oficial do Twitter. “A ambiguidade do governo brasileiro é errada e o suporte pessoal dado pelo Bolsonaro a Putin não representa os sentimentos e desejos do povo brasileiro”, escreveu.
Arthur do Val, que é pré-candidato ao governo de São Paulo pelo mesmo Podemos, foi mais direto ao fazer uma referência específica à frase dita pelo presidente. “Bolsonaro sobre Putin: ‘Não há massacre, ele está apenas fazendo um esforço ali numa parte da Ucrânia que quer se aproximar da Rússia’. Bolsonaro sobre presidente da Ucrânia: ‘É um comediante que foi eleito’. Só quem é cego não percebe que Bolsonaro é a favor de Putin!”, escreveu.
Felipe d’Avila, pré-candidato do Partido Novo à presidência, também se manifestou. “Mostra mais uma vez que os populistas utilizam a política externa como um braço da política ideológica e partidária”, disse.
Via Revista Veja