O impasse do Republicanos no jogo de Roma contra ACM Neto
O dilema do Republicanos não é fácil, mas João Roma tem tido bom trânsito no partido a nível nacional
Uma das perguntas de R$ 1 milhão que ronda a política baiana nos últimos tempos é a seguinte: o Republicanos vai mesmo topar a parada e lançar João Roma candidato a governador em detrimento da relação com ACM Neto (DEM), outro pré-candidato ao Palácio de Ondina? Contrariando as expectativas dos caciques locais da legenda e numa dinâmica de cima para baixo (DF – BA), eu digo que sim. Se a campanha começasse hoje, esse cenário estaria traçado.
O partido sofre com seus dilemas, pois o fruto da vinculação da sigla com Neto garantiu um senhor espaço na prefeitura de Salvador, hoje capitaneada por Bruno Reis (DEM). Numa forma de retaliação, por ser um fiel sucessor do neto de ACM, Reis poderia até tesourar os espaços ocupados, mas também não teria uma sigla municipal de peso para articulações futuras.
A legenda da Igreja Universal deve ter um caminho na seara estadual e outro na municipal e isso não incomodaria Roma e os demais. Vejamos: Bruno Reis já se beneficia de cenário semelhante com o Podemos, de Bacelar. O deputado federal está com Rui Costa (PT), mas todos seus vereadores estão na base do prefeito opositor ao governo petista.
Há um ditado que diz ser perigoso você depositar todos os ovos da galinha em uma só cesta: se ela cair, todos podem quebrar. Na política não é diferente, a depender da habilidade. É arriscado para Reis fazer esse movimento, apesar de que o seu melhor cenário seria a eleição de Neto para ter um espaço considerável na gestão, hoje dividida. Mas e se o almejado não ocorrer? Falei sobre isso em outro artigo: essa espada continua em sua cabeça e para ter força futura na mesa de negociação necessitará ter partidos em seu crivo para defendê-lo.
O tripé de Roma na futura campanha será o Republicanos, seu partido, junto com o PL, sigla de Bolsonaro, e o PTB. Tirará da jogada duas siglas importantes na composição netista e não dará a largada solitário. Mas seu principal desafio é se tornar conhecido e a Universal teria métodos e veículos que poderiam ajudá-lo nessa arrancada, mas sinto não terem comprado a missão. Fica evidente um ainda acanhamento perante o ex-prefeito e pretenso candidato e a atual gestão do Thomé de Souza.
Historicamente, O Republicanos nem sempre marchou ao lado de ACM Neto (DEM). Já fez parte, inclusive, da base de Jaques Wagner (PT) quando governador da Bahia nos pleitos de 2006 e 2010. Em 2008, na corrida pelo Palácio Thomé de Souza, Márcio Marinho foi vice de ACM Neto em uma eleição cujo neocarlismo ficou de fora do segundo turno. Em 2012, quando Neto venceu, Marinho corria por fora com candidatura própria e no segundo turno apoiou Nelson Pelegrino (PT). Depois se uniram de vez.
Roma tem três missões nesse processo eleitoral: mostrar habilidade com o partido que o acolheu desde 2016 e não diminuí-lo nas relações políticas já construídas, romper a premissa de que só terá, no máximo, 4% dos votos e também ser um causador, quem sabe, de um segundo turno na Bahia, fato que não acontece desde a década de 90.
Por Victor Pinto