Checamos, é ‘fake news’: Remédio lançado pela Pfizer contra Covid-19 não copia nem contém ivermectina
Não é verdade que a Pfizer lançou um medicamento para prevenir Covid-19 que seria “clone da ivermectina” após não ter conseguido a patente do antiparasitário, como alegam postagens nas redes sociais. As duas drogas testadas pela farmacêutica com essa finalidade não têm qualquer similaridade com a ivermectina.
4 meses atrás eu disse para os meus amigos que a Pfizer estava querendo patentear a IVERMECTINA para vender com outro nome e vender mais caro. E não deu outra. Problema resolvido: Pfizer lança “Pfizermectine” para profilaxia da Covid. (Vulgo “tratamento precoce”). A partir do lançamento deste clone da Ivermectina, o tratamento precoce da Covid-19 “milagrosamente” passará de um remédio demonizado para incentivado. Quem viver, verá.
Postagens nas redes sociais enganam ao alegar que a Pfizer lançou um “clone da ivermectina” para prevenir a Covid-19. A farmacêutica atualmente testa dois medicamentos com esse objetivo, mas nenhum deles é semelhante ao vermífugo, segundo a empresa.
Um deles é o antirretroviral ritonavir, administrado com uma molécula antiviral. No fim de setembro, a Pfizer havia anunciado o início das fases 2 e 3 das pesquisas para prevenção sintomática — quando as medicações começam a ser testadas em voluntários — após estudos em laboratório. O laboratório espera concluir essa etapa em 25 de dezembro e publicar os resultados em 2022.
Segundo o Clinical Trials, plataforma mundial de registro para ensaios clínicos, a Pfizer conduz 108 estudos relacionados à Covid-19, entre testes com a vacina e medicamentos. A ivermectina não consta entre as substâncias investigadas.
Ana Paula Hermann, professora de Farmacologia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), explica que não existe semelhança entre a ivermectina e as substâncias testadas pela Pfizer. A ivermectina atua para matar parasitas em organismos, enquanto os antirretrovirais têm o objetivo de atingir a proteína do vírus SarS-CoV-2, que transmite a Covid-19. “São moléculas específicas que têm um alvo específico. Não é abrangente como a ivermectina”, diz Hermann.
A Pfizer também afirmou que solicitou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorização emergencial para o uso do tofacitinibe (Xeljanz) para tratamento da pneumonia causada pela Covid-19. O medicamento fabricado pela própria farmacêutica é usado no Brasil para tratar artrite reumatóide, artrite psoriásica e retocolite ulcerativa. Também não há semelhança entre este medicamento e a ivermectina.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a FDA (Food and Drug Administration, órgão regulador americano), a EMA (European Medicines Agency, da União Europeia) e a Merck, fabricante nos EUA, não recomendam o uso de ivermectina para tratar ou prevenir sintomas da Covid-19.
Patente. As postagens também enganam ao afirmar que a Pfizer não obteve a patente da ivermectina. O vermífugo já está em domínio público, ou seja, qualquer instituição pode fabricá-la. No Brasil, quatro empresas produzem o medicamento: Vitamedic, Germed, Nova Química e Legrand Pharma. A droga é indicada por todos esses laboratórios no tratamento de verminoses, ácaros e piolhos.
Em buscas no Latipat, banco de informações sobre patentes, Aos Fatos encontrou apenas um registro em nome da Pfizer a respeito de uma substância antiparasitária que contém ivermectina entre os componentes. Entretanto, o registro é do ano 2000, muito anterior à pandemia. No site Drugbank, que reúne informações sobre remédios, a Pfizer não aparece entre as instituições que têm patentes de produtos com ivermectina nos EUA.
Referências: Pfizer (Fontes 1 e 2), Clinical Trials (Fontes 1 e 2), OMS, FDA, EMA, Merck, Anvisa (Fontes 1 e 2), Latipat, Drugbank.