Polí­tica

Movimento planeja novas ‘Diretas Já’ pelo impeachment de Bolsonaro

É a primeira vez que o grupo Direitos Já, que reúne líderes de 18 partidos, defende publicamente a derrubada do presidente

Jair Bolsonaro durante celebração do dia Nacional do Voluntário, no Palácio do Planalto. Foto: Evaristo Costa / AFP

JAIR BOLSONARO DURANTE CELEBRAÇÃO DO DIA NACIONAL DO VOLUNTÁRIO, NO PALÁCIO DO PLANALTO. FOTO: EVARISTO COSTA / AFP

As ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nos atos de 7 de Setembro, quando declarou perante a uma multidão que não cumpriria decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes motivaram o grupo Direitos Já – Fórum pela Democracia a encampar uma série de ações para afastar o ex-capitão do cargo.

Esta é a primeira vez que a organização, que reúne líderes de 18 partidos, defende abertamente a derrubada de Bolsonaro. “Não veio antes porque este é um movimento muito amplo, e tem um compromisso de caminhar naquilo que é possível unificar”, explica a CartaCapital Fernando Guimarães, um dos fundadores do grupo. “Agora, percebemos que há um entendimento comum por parte dessas lideranças.”

O objetivo, segundo o ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), também integrante do grupo, é que haja uma mobilização a la Diretas Já, movimento articulado durante ditadura que teve como objetivo a retomada das eleições diretas para presidente.

“Há uma ofensiva da extrema-direita que quer realizar em conjunto dois movimentos: desmoralizar o processo eleitoral e tentar organizar um golpe de Estado”, diz Genro a CartaCapital. “Temos que responder com uma unidade política do campo democrático, independente das divergências ideológicas e das visões programáticas para o futuro.”

A ideia, afirma o petista, é que haja uma mobilização permanente para garantir as eleições e o impedimento do presidente.

“Todo mundo acordou de procurar fazer esforços políticos de convencimento de lideranças partidárias, sindicatos, movimentos sociais, personalidades e intelectuais para promover em conjunto um grande ato público semelhante ao ato das Diretas Já, que reúna de 500 mil a 1 milhão de pessoas em algumas cidades do Brasil para dar uma demonstração de força e dizer que o Bolsonaro não pode passar por cima das instituições democráticas”, completa.

Esse grande ato deve ocorrer, segundo organizadores, após a conclusão do relatório da CPI da Covid. Até lá, o grupo busca diálogo com setores que já protagonizam mobilizações de rua contra Bolsonaro. “Tentaremos sensibilizar organizações que estão construindo o ato do 12 [de setembro] para ampliá-lo, para que não trate de nem ‘nem Lula e nem Bolsonaro’”, afirma Guimarães. “As manifestações não podem ter um caráter eleitoral, precisam que representar um conjunto da sociedade.”

Além de Genro, participaram da reunião na terça-feira 7 a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a ex-senadora Marina Silva, o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o senador José Aníbal (PSDB) e representantes de DEM, PSB, PSL, PV e Cidadania, entre outros. A reunião ocorreu logo após as declarações de cunho golpista de Bolsonaro nas manifestações do Dia da Independência.

Via Carta Capital

Rubem Gama

Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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